A lembrança do avô agricultor que perfurava poços com avidez em uma região árida da África do Sul fez de Marc de Villiers um apaixonado pela água. O jornalista francês percorreu todos os continentes durante mais de 30 anos para observar as reais condições dos recursos hídricos e reuniu sua experiência no livro Água: como o uso deste precioso recurso natural poderá acarretar a mais séria crise do século 21. Premiada na Espanha e no Canadá, a obra se baseia em amplo material estatístico e na consulta a especialistas de destaque internacional. A água doce representa apenas 2,5% dos cerca de 1,4 bilhão de litros cúbicos de água que existem sobre a Terra e, ainda assim, apenas cerca de um terço dela é acessível ao homem. A distribuição do recurso é muito desigual -- mais de 90% dos africanos precisam cavar a terra em busca de água, muitas vezes contaminada por doenças como tifo e cólera, enquanto o Brasil possui cerca de um quinto de toda a reserva potável do mundo.
A crise da água, segundo o autor, não consiste na falta absoluta do recurso, mas na escassez justamente nos lugares de maior demanda. Ele propõe, além do uso da engenhosidade humana na busca de soluções, o debate político para contornar os conflitos históricos ligados às fontes hídricas, que incluem disputas entre árabes e israelenses, Índia e Paquistão, Egito e Sudão.
Conforme as idéias do economista político Thomas Malthus (1766-1834), de Villiers sugere o gerenciamento dos recursos disponíveis como forma de amenizar a inevitável desproporção entre demandas humanas e disponibilidades naturais. Segundo o autor, a demanda por água triplicou entre 1950 e 1990; África, Ásia, América e Europa já vivenciam uma crise de abastecimento. As principais causas são poluição, desvio de rios, uso de barragens, irrigação imprópria, e, sobretudo, a perfuração indiscriminada de poços, que esgota os lençóis freáticos e desequilibra o ciclo hidrológico. O autor também destaca a insistência no emprego de medidas ultrapassadas como causa do esgotamento dos recursos hídricos.
A busca de soluções percorre desde o sistema de aproveitamento da água usado na antiguidade grega, que consistia em coletores de sereno, até as técnicas mais recentes, que incluem o transporte de blocos de gelo do Ártico, dessalinização da água do mar e reciclagem, tal como em espaçonaves. Essas propostas, contudo, se revelam muito dispendiosas.
Documento de referência para a situação atual dos recursos hídricos no mundo, o livro de de Villiers aborda desde o ciclo hidrológico ao valor geopolítico e estratégico da água. Relata as disputas históricas e o desenvolvimento de acordos em uma narrativa vívida e muito pessoal. A opção do autor pela conservação dos recursos hídricos não compromete a lucidez na previsão de disputas violentas. O principal problema em relação à água, ressalta ele, é que a escassez não pode ser resolvida por um país isoladamente: a solução exige consenso internacional.
A crise da água, segundo o autor, não consiste na falta absoluta do recurso, mas na escassez justamente nos lugares de maior demanda. Ele propõe, além do uso da engenhosidade humana na busca de soluções, o debate político para contornar os conflitos históricos ligados às fontes hídricas, que incluem disputas entre árabes e israelenses, Índia e Paquistão, Egito e Sudão.
Conforme as idéias do economista político Thomas Malthus (1766-1834), de Villiers sugere o gerenciamento dos recursos disponíveis como forma de amenizar a inevitável desproporção entre demandas humanas e disponibilidades naturais. Segundo o autor, a demanda por água triplicou entre 1950 e 1990; África, Ásia, América e Europa já vivenciam uma crise de abastecimento. As principais causas são poluição, desvio de rios, uso de barragens, irrigação imprópria, e, sobretudo, a perfuração indiscriminada de poços, que esgota os lençóis freáticos e desequilibra o ciclo hidrológico. O autor também destaca a insistência no emprego de medidas ultrapassadas como causa do esgotamento dos recursos hídricos.
A busca de soluções percorre desde o sistema de aproveitamento da água usado na antiguidade grega, que consistia em coletores de sereno, até as técnicas mais recentes, que incluem o transporte de blocos de gelo do Ártico, dessalinização da água do mar e reciclagem, tal como em espaçonaves. Essas propostas, contudo, se revelam muito dispendiosas.
Documento de referência para a situação atual dos recursos hídricos no mundo, o livro de de Villiers aborda desde o ciclo hidrológico ao valor geopolítico e estratégico da água. Relata as disputas históricas e o desenvolvimento de acordos em uma narrativa vívida e muito pessoal. A opção do autor pela conservação dos recursos hídricos não compromete a lucidez na previsão de disputas violentas. O principal problema em relação à água, ressalta ele, é que a escassez não pode ser resolvida por um país isoladamente: a solução exige consenso internacional.
Água-como o uso deste precioso recurso natural poderá acarretar a mais séria crise do século 21
Marq de Villiers (trad.: José Kocerginsky)
Rio de Janeiro, 2002, Ediouro
457 páginas; R$ 42,90
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